Bem-vindo(a). Hoje é Guarantã do Norte - MT

Presbítero Thiago Silva, deputado estadual, é citado em megaesquema de desvio de emendas investigado na Operação Suserano*

Presbítero Thiago Silva, deputado estadual, é citado em megaesquema de desvio de emendas investigado na Operação Suserano*
Compartilhe!

Mato Grosso enfrenta mais um escândalo de grandes proporções envolvendo o uso de emendas parlamentares. A Operação Suserano, deflagrada pela Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor) da Polícia Civil em setembro de 2024, revelou indícios de um esquema milionário de desvio de verbas públicas. No centro da investigação estão 14 deputados estaduais, incluindo o presbítero e deputado Thiago Silva (MDB), o atual prefeito de Rondonópolis, além do secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação.

O rombo estimado ultrapassa R$ 28 milhões dos cofres públicos, oriundos de recursos destinados por emendas parlamentares estaduais.

Esquema operava por meio de kits agrícolas superfaturados.

As investigações apontam que os desvios ocorreram principalmente na aquisição de kits agrícolas superfaturados, compostos por roçadeiras, motocultivadores, adubadeiras e perfuradores de solo. O superfaturamento calculado chega a R$ 10,2 milhões.

As compras foram intermediadas pelo Instituto Pronatur, por meio de 24 termos de fomento assinados com a Secretaria de Agricultura Familiar (Seaf), sempre utilizando verbas públicas destinadas por parlamentares.

Empresário seria o operador do esquema.

O empresário Alessandro do Nascimento é apontado como peça central na operação. Segundo a investigação, ele atuaria como sócio oculto de diversas empresas beneficiadas com os repasses de emendas. Uma dessas empresas, a Tupã Comércio e Representações, estaria registrada em nome de um “laranja”, um treinador de futebol vinculado à associação presidida por Nascimento.

Além disso, a associação presidida pelo empresário recebeu R$ 1 milhão para o projeto “Craque Cidadão”, também sob investigação por suspeita de desvio de recursos. Indícios de crime eleitoral envolvendo parlamentares. Além dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, a investigação levanta a hipótese de abuso de poder político e econômico em período eleitoral. Parte dos kits agrícolas teria sido distribuída durante o ano eleitoral de 2024 em cidades estratégicas, onde parlamentares disputavam cargos ou apoiavam aliados.

Entre os envolvidos citados nesse contexto eleitoral está o próprio presbítero e deputado estadual Thiago Silva (MDB), que concorria à Prefeitura de Rondonópolis, e Eduardo Botelho (União), candidato à Prefeitura de Cuiabá. Ambos participaram de atos públicos de entrega de kits, o que, segundo a polícia, pode configurar crime eleitoral.

Anotações comprometedoras e tentativas de ocultação.

Em uma tentativa de dificultar o avanço das investigações, Alessandro do Nascimento teria escondido documentos em residências de amigos. Dentro de uma caixa apreendida pela Polícia, foram encontradas anotações manuscritas citando nomes de parlamentares associados a valores: “500k Nininho” (em referência ao deputado Ondanir Bortolini) e “1m Botelho” (referente a Eduardo Botelho), além de registros de distribuição de materiais esportivos.

A Polícia também identificou ofícios assinados por presidentes de institutos, contendo listas de beneficiários dos kits, bem como o envolvimento de familiares e assessores parlamentares como supostos destinatários dos equipamentosParlamentares citados na investigação: • Eduardo Botelho (União) • Juca do Guaraná (MDB) • Cláudio Ferreira (PL) – atual prefeito de Rondonópolis • Doutor João José (MDB) • Alan Kardec (PSB) – atual secretário estadual • Gilberto Cattani (PL) • Fábio Tardin (PSB) • Júlio Campos (União) – ex-governador • Faissal Calil (PL) • Ondanir Bortolini “Nininho” (PSD) • Dr. Eugênio (PSB) • Wilson Santos (PSD) • Carlos Avalone (PSDB) • Thiago Silva (MDB)Todos os parlamentares negam qualquer envolvimento ilegal, alegando que suas emendas foram legalmente aplicadas e que não participaram das entregas nem da escolha de beneficiários.

Inquérito pode ser federalizado.

Diante das provas de possível crime eleitoral, a delegada Juliana Rado, responsável pelo caso na Deccor, solicitou o envio do inquérito à Polícia Federal em maio deste ano. No relatório, consta: “Documentos obtidos indicam participação direta dos deputados nos eventos de entrega e coleta de dados pessoais dos beneficiários”.

Apesar do volume de evidências — como anotações manuscritas, triangulações com laranjas e conexões políticas em municípios estratégicos — muitos dos citados se limitam a notas evasivas e alegações de perseguição política.

A falta de depoimento de figuras-chave, como o próprio Alessandro do Nascimento, reforça um cenário preocupante de impunidade e blindagem institucional.Mais um teste para as instituições de Mato Grosso.

Este novo episódio expõe, mais uma vez, as vulnerabilidades no sistema de emendas parlamentares, originalmente criado para facilitar o acesso a políticas públicas, mas frequentemente desvirtuado para fins políticos, eleitorais e pessoais em meio à falta de fiscalização.

Mato Grosso, já marcado por escândalos emblemáticos como o “grampolândia pantaneira” e o “cartas marcadas”, encara agora mais um grave desafio à credibilidade e à transparência de sua máquina pública.

PorJB News

Célio

LIVE OFFLINE
track image
Loading...