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“lipedema”, “doença” e “obesidade”

“lipedema”, “doença” e “obesidade”
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Descubra essa doença que afeta o corpo e por que tantas pessoas são diagnosticadas erroneamente com obesidade

O lipedema é uma condição que afeta milhares de pessoas, mas ainda é pouco conhecida. Muitas mulheres passam anos sofrendo com acúmulo de gordura em regiões específicas do corpo, como pernas e braços, sem conseguir um diagnóstico correto. 

Em muitos casos, essa condição é erroneamente tratada como obesidade, levando pacientes a procedimentos inadequados, como dietas severas e até cirurgias bariátricas desnecessárias.

Classificada oficialmente como uma doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o lipedema é uma condição crônica que causa aumento simétrico de gordura subcutânea, principalmente nas extremidades. O problema vai além da estética, gerando dor, desconforto e impactos emocionais significativos.

A seguir, entenda melhor essa doença, seus sintomas e por que tantos profissionais ainda confundem o lipedema com obesidade.

Essa mulher teve seu diagnóstico confundido por 4 médicos

Casos de diagnóstico equivocado de lipedema são mais comuns do que se imagina. Um exemplo recente é o da brasileira Simone de Lima, que passou por quatro médicos diferentes antes de finalmente descobrir que sofria de lipedema.

Por anos, ela tentou diversas dietas, seguiu orientações médicas para tratar uma suposta obesidade e até cogitou realizar uma cirurgia bariátrica. No entanto, nenhum dos tratamentos convencionais para perda de peso funcionava. 

Foi só após procurar um especialista que Simone descobriu que seu problema não estava relacionado ao excesso de gordura comum da obesidade, mas sim ao lipedema, uma condição que exige um tratamento específico.

Um acúmulo de gordura incomum no corpo

Diferente da obesidade, o lipedema não está diretamente relacionado a maus hábitos alimentares ou ao sedentarismo. A gordura acumulada nessa condição se comporta de maneira peculiar, sendo distribuída de forma desproporcional e muitas vezes causando dor ao toque.

As principais características do lipedema incluem:

  • Aumento simétrico da gordura nas pernas, coxas e, em alguns casos, nos braços
  • Sensação de peso e desconforto nos membros afetados
  • Tendência a hematomas frequentes sem motivo aparente
  • Dificuldade na perda de gordura, mesmo com dieta e exercícios físicos

Essa condição pode se agravar com o tempo, tornando-se progressivamente mais dolorosa e afetando a mobilidade.

Como a OMS classificou essa doença?

Durante anos, o lipedema foi tratado apenas como uma característica estética ou confundido com a obesidade. No entanto, em 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu o lipedema na Classificação Internacional de Doenças (CID-11), reconhecendo-o como uma doença crônica e progressiva.

A adoção da CID-11 no Brasil

O Brasil já adotou a nova versão da CID-11, o que significa que médicos e instituições de saúde devem reconhecer o lipedema como uma doença legítima. Isso pode facilitar o acesso a tratamentos especializados e diminuir os diagnósticos equivocados.

Ainda assim, muitos profissionais da saúde desconhecem essa atualização, tornando essencial a disseminação de informações sobre o tema para garantir que mais pessoas recebam o tratamento adequado.

O que é lipedema?

O lipedema é um distúrbio crônico que afeta predominantemente mulheres e está associado a fatores genéticos e hormonais. Ele causa um acúmulo anormal de gordura subcutânea, afetando principalmente as pernas e, em alguns casos, os braços.

Sintomas

Os sintomas variam de pessoa para pessoa, mas os mais comuns incluem:

  • Inchaço constante nas pernas e coxas
  • Sensação de dor e peso nos membros inferiores
  • Presença de nódulos de gordura dolorosos sob a pele
  • Aumento da predisposição a hematomas
  • Progressão da condição ao longo dos anos, tornando o inchaço mais evidente

O reconhecimento precoce dos sintomas é fundamental para evitar o avanço da doença e melhorar a qualidade de vida das pacientes.

Por que essa doença é tão confundida com obesidade?

O lipedema e a obesidade compartilham algumas semelhanças visuais, o que faz com que muitos médicos e até pacientes confundam as duas condições. Segundo especialistas, uma das principais diferenças é que, no lipedema, a gordura acumulada não responde a dietas e exercícios, o que não ocorre na obesidade comum.

De acordo com o cirurgião vascular Dr. Fábio Kamamoto, a principal característica do lipedema é o acúmulo de gordura que não é influenciado diretamente pela alimentação. “Muitas mulheres com lipedema tentam emagrecer e percebem que o tronco perde peso, mas as pernas permanecem desproporcionalmente grandes”, explica o especialista.

Além disso, ao contrário da obesidade, o lipedema não afeta diretamente a região do abdômen, sendo mais concentrado nos membros inferiores e superiores.

Características dos sintomas e estágios

O lipedema pode ser classificado em diferentes estágios, dependendo da progressão da doença:

  • Estágio 1: A pele ainda é lisa, mas há acúmulo de gordura na região das pernas e coxas.
  • Estágio 2: Surgem irregularidades na pele, como pequenos nódulos de gordura.
  • Estágio 3: A gordura se torna mais volumosa e fibrosa, com deformidades visíveis.
  • Estágio 4: O inchaço pode afetar a mobilidade, comprometendo a qualidade de vida da paciente.

Cada estágio demanda um acompanhamento médico específico, com foco na redução do desconforto e na preservação da função motora.

Prevenção

Apesar de ser uma condição genética e hormonal, algumas medidas podem ajudar a retardar o avanço do lipedema e minimizar seus impactos. Entre as principais recomendações estão:

  • Prática de exercícios físicos de baixo impacto, como caminhadas e hidroginástica
  • Uso de roupas de compressão, que ajudam na circulação e evitam o inchaço
  • Terapias de drenagem linfática, que auxiliam na redução do desconforto
  • Alimentação equilibrada, evitando inflamações no organismo

Embora não haja cura definitiva para o lipedema, o tratamento adequado pode melhorar significativamente a qualidade de vida das pacientes.

Nos últimos anos, a busca por tratamentos para o lipedema aumentou consideravelmente, especialmente após o reconhecimento da condição pela OMS. O diagnóstico precoce e a conscientização são fundamentais para garantir que as mulheres recebam os cuidados necessários e não passem anos enfrentando tratamentos inadequados para uma condição que vai além da obesidade tradicional.

Por Danillo Cássio

Célio

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