Educação ambiental na arquitetura e urbanismo pode mitigar impactos causados pelas chuvas

CAU/MT mantém rotina de capacitação profissional em diversas áreas de atuação, incluindo a sustentabilidade
Calor extremo, chuvas intensas e alagamentos são cada vez mais frequentes em Mato Grosso. Após ocupar o 1° lugar no ranking de cidade mais quente do mundo pelo site ‘Hot Cities’, diversas vezes em 2024, Cuiabá agora entra em situação de emergência por conta das chuvas, assim como outros 19 municípios do estado, segundo a Defesa Civil Estadual. Diante da situação, no dia em que se celebra o Dia da Educação Ambiental (26/01), o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Mato Grosso (CAU/MT) chama atenção para a responsabilidade da atuação profissional na mitigação de impactos ambientais.
A presidente do CAU/MT, Lise Bokorni, considera que a arquitetura sustentável é uma possibilidade e explica o incentivo do Conselho sobre o tema. “Em 2024 tivemos capacitações profissionais gratuitas sobre o assunto. Também elaboramos e apresentamos aos candidatos a prefeituras do MT, uma Carta Aberta que propõe um pacto pela sustentabilidade e qualidade de vida nas cidades, com recomendações que buscam capacitar a sociedade a acompanhar e influenciar o desenvolvimento e planejamento urbano”, diz.
O arquiteto e urbanista Otávio França, especialista em arquitetura sustentável, diz que situações como as mencionadas serão cada vez mais frequentes. A Organização das Nações Unidas (ONU) confirmou que 2024 foi o ano mais quente já registrado. O profissional acredita que medidas tomadas agora, podem impactar o futuro. “Seja com o uso de piso drenante, que ajuda na edificação, ou na escolha de vegetação nativa, que serve como esponja em situações de inundações e até mesmo no incentivo de políticas públicas”, explica.
Segundo Otávio, o arquiteto e urbanista tem papel fundamental quando o assunto são práticas ambientais, além de integrar eficiência ambiental, social e econômica. Acrescenta que apesar de a educação ambiental ser um processo longo, pequenas práticas já são um bom começo. “Desde a escolha dos materiais a serem utilizados que causem menos impactos ao meio ambiente, bem como na qualidade de vida do usuário”.
Sobre a adoção de hábitos sustentáveis e a inserção dessa educação, o especialista argumenta que as ações podem influenciar a vida tanto de forma individual quanto coletiva, ou seja, em comunidades. “A melhor forma de educar uma geração é através de apoio a iniciativas desde a destinação correta de resíduos, que facilitam a reutilização da matéria prima até no consumo consciente. É literalmente viver aquilo que acredita”, afirma.
Quando o assunto é o desperdício de materiais, por exemplo, Otávio considera que a problemática está diretamente ligada à baixa educação ambiental, desde a mão de obra que executa, até na escolha de materiais para soluções arquitetônicas. Conforme indica a Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC) realizada pelo IBGE, a construção civil é responsável por descartar de forma inadequada cerca de 50% dos resíduos produzidos, podendo chegar até a 8% do valor total da obra. “Então, a melhor forma de evitar isso é de forma cultural, ou seja, se mudarmos hábitos obsoletos”, conclui.
O avanço tecnológico permite a implantação de diversas possibilidades na arquitetura e urbanismo. Otávio diz que elas vão desde a industrialização da construção civil, com obras a seco (steellframe, woodframe, construções modulares, impressora 3D etc.) até a bioconstrução, que possui baixo impacto ambiental. Da mesma forma que existem soluções para um consumo consciente e mais sustentável, como a ventilação e iluminação natural, iluminação de LED e o uso de placas solares, que são medidas que diminuem o consumo energético e impactam nas contas do cliente, a longo prazo.
Por isso, os ganhos financeiros são um dos principais benefícios percebidos pelo cliente. “Além de economizar no consumo de água e luz, é importante lembrar também da valorização do imóvel. Assim, eles se tornam responsáveis e grandes incentivadores na busca por maneiras mais sustentáveis de se construir”, finaliza.
Por Laura Resende/comunicação CAU/MT