Mães Solo: A luta invisível e a força de viver!
*Jacqueline Cândido de Souza
Ser mãe solo é uma experiência repleta de desafios e resiliência. Quando a jornada da maternidade é vivida sem o apoio de um parceiro, as responsabilidades e as pressões tornam-se muito maiores. O desgaste emocional e físico é constante, pois todas as tarefas, desde o cuidado com os filhos até a administração da casa e o sustento da família, recaem sobre uma única pessoa. Essa sobrecarga resulta em noites mal dormidas, dias exaustivos e uma sensação persistente de insuficiência, especialmente quando não há uma rede de apoio por perto.
Outro desafio significativo enfrentado pelas mães solo é a questão financeira. Com apenas uma fonte de renda, equilibrar as despesas da casa, alimentação, educação e saúde torna-se uma tarefa árdua. Muitas vezes, a ausência de apoio financeiro do outro progenitor agrava a situação, e mesmo quando esse apoio existe, ele pode ser insuficiente. Essa pressão financeira constante afeta diretamente o bem-estar da mãe, que vive em um estado de preocupação com o futuro da família.
A solidão também é uma realidade para muitas mães solo. Mesmo cercadas pelo amor dos filhos, a falta de um parceiro com quem dividir as alegrias e os desafios pode gerar um sentimento de isolamento. A falta de tempo para cuidar de si mesma, socializar ou investir em novos relacionamentos faz com que essas mulheres, muitas vezes, se sintam sozinhas e sem apoio emocional. Com a vida tão focada nos filhos e nas responsabilidades, momentos de lazer e descanso se tornam raros.
Além disso, uma discussão mais ampla sobre políticas públicas específicas para mães solo poderia fortalecer o suporte que essas mulheres tanto necessitam. Medidas como o auxílio-creche, licença-maternidade estendida e uma maior rigidez na fiscalização do pagamento de pensão alimentícia são essenciais para que essas mães possam conciliar o cuidado dos filhos com suas responsabilidades profissionais e pessoais. Tais políticas não só ofereceriam alívio financeiro, mas também criariam condições para que as mães solo invistam em si mesmas e na educação de seus filhos, ajudando a construir um futuro mais estável. O fortalecimento desse debate é urgente para que a sociedade não apenas compreenda, mas também ofereça apoio concreto e eficaz.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV) revelou que, até o final de 2022, o Brasil contava com mais de 11 milhões de mães solo. O estudo apontou um aumento significativo de 1,7 milhão no número de mulheres que criam seus filhos de forma independente entre 2012 e 2022, passando de 9,6 milhões para 11,3 milhões nesse período. Esses dados refletem uma crescente realidade no país, destacando a importância de políticas públicas voltadas para o suporte financeiro e emocional dessas mulheres, que enfrentam desafios cada vez maiores para equilibrar a criação dos filhos e suas condições socioeconômicas.
Apesar de todas essas dificuldades, as mães solo demonstram uma resiliência extraordinária. Elas encontram maneiras de se reinventar e de seguir em frente, mesmo diante das adversidades. Buscam redes de apoio, seja na família, nos amigos ou em outras mães que vivenciam a mesma realidade. Cada obstáculo superado é uma prova de sua força e capacidade de adaptação, mostrando que, apesar dos sacrifícios, elas são capazes de criar um ambiente amoroso e seguro para seus filhos.
Ser mãe solo é um caminho difícil, mas essas mulheres provam todos os dias que o amor pelos filhos é uma motivação poderosa para enfrentar qualquer barreira. A sociedade precisa reconhecer os desafios que elas enfrentam e trabalhar para oferecer o suporte necessário, seja através de políticas públicas ou da valorização de redes de apoio. A jornada de ser mãe solo é marcada por dificuldades, mas também por uma enorme capacidade de superação e um amor incondicional que não conhece limites.
*Jacqueline Cândido de Souza – Advogada e servidora pública dedicada, engajada na defesa dos direitos das mulheres e na promoção da igualdade de gênero. Para saber mais, siga-me no Instagram: https://www.instagram.com/jacquelinecandido.adv/.
Por Soraya Medeiros/Assessora de imprensa