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Agosto lilás: o que temos feito pelas mulheres em vulnerabilidade?

Agosto lilás: o que temos feito pelas mulheres em vulnerabilidade?
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Muitas pautas que merecem atenção da sociedade recebem uma cor e uma campanha, e não poderia ser diferente em relação à defesa das mulheres. Agosto Lilás é o mês de proteção à mulher e seu objetivo é conscientizar a população pelo fim da violência contra nós. Ainda hoje escuto pessoas me dizerem que tudo é muito mimimi, e que não há uma violência de gênero como é divulgada.

Mas de verdade, não enxerga quem não quer ver, porque basta ler os noticiários, assistir aos programas policiais e acompanhar nas redes sociais. As notícias sobre feminicídio não são raras, inclusive os números confirmam tal afirmação. É o que mostra o levantamento do Monitor da Violência de 2022, em que o Brasil bateu recorde de feminicídios, com uma mulher morta a cada 6 horas.

Em 2022, 48 mulheres foram vítimas de feminicídio em Mato Grosso, uma média de 4 mortes por mês, como aponta a Secretaria de Segurança Pública (SESP-MT). Esse número representa um aumento de 11%, se comparado a 2021. Acredito que esses dados ainda estão longe da verdadeira realidade, números que não chegam às polícias e nem à mídia.

Até aqui estamos falando de mortes, mas a violência tem suas outras faces. Em 2022, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública registrou 8.390 casos de violência psicológica contra mulheres e 27.722 casos de perseguição, sem contar as agressões e ameaças contra o gênero. Isso são números, e eles vão muito além!

A pergunta que me faço (como palestrante, fonoaudióloga e mulher) é: o que estamos fazendo para mudar essa triste realidade? Pois bem, eu vou citar um exemplo lindo organizado pela Associação de Mulheres de Negócios e Profissionais (BPW-Várzea Grande), em parceria com a Associação de Mulheres Empreendedoras (Arvend-MT), IPEA – Instituto profissionalizante de Massagens e apoio da Empresa Marajá.

Nós sabemos que uma das grandes vulnerabilidades das mulheres ainda é a dependência financeira. Muitas tentam quebrar o ciclo de violência, mas pensam: como que eu vou sair de casa? E os meus filhos? E se eu sair com os meus filhos, como eles vão comer? Para onde vamos? Enfim, essas mulheres que passaram uma vida toda dentro de casa, acabam tendo o acesso à informação limitado.

Para apoiá-las a conquistarem uma estrutura financeira, nós promovemos em agosto (desde o ano passado) um curso para 20 mulheres em situação vulnerável. Tudo começa pela seleção com a Arvend, que já trabalha com essas mulheres nos bairros. Elas são convidadas a participarem de um curso imersivo de 7 dias sobre diferentes tipos de massagens.

O IPEA – Instituto profissionalizante de Massagens, liderado pela Massoterapeuta Aydde Salles, ministra sobre massoterapia, quick massage, massagens dos pés, massagem neurossensorial, sempre utilizando os óleos essenciais. O diferencial é que se trabalha muito com a aromaterapia, trazendo ainda mais benefícios no processo das massagens. Sem contar que elas ainda aprendem outros temas, como empreendedorismo, auto cuidado etc.

Detalhe importante, a única coisa que essas mulheres precisam é dar um jeito de chegar até o local do curso. Nós BPW VG e parceiros oferecemos almoço, os cremes necessários, os óleos essenciais, estágio de prática no HCAN, oportunizando que elas concluam a capacitação com certificação de um instituto profissionalizante e com os materiais necessários para começarem a empreender.

Depois do curso, elas saem do estágio de uma pessoa não qualificada para uma qualificada e cheia de oportunidades. Afinal, essas mulheres se tornam habilitadas para abrirem um cantinho, atender em casa ou mesmo serem contratadas em algum lugar. Objetivo cumprido: profissionalizar essas mulheres para que elas tenham uma opção de renda e, acima de tudo, uma profissão.

E o cuidado com as mulheres vai além. Muitas choram ao final do curso, por terem vivenciado a oportunidade de receber uma massagem pela primeira vez na vida. Muitas falam que começam a enxergar que existe alegria na vida. Então, além de se valorizarem, essas mulheres trabalham a autoestima com a visão da capacidade de poder fazer.

Essa é uma missão que faço parte! E você empreendedor, mulheres, organizações, enfim, todos. O que mais podemos fazer para minimizar a violência contra as mulheres hoje?

Sonia Mazetto é Coordenadora de Saúde da BPW Várzea Grande. 

Célio

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