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Pesquisa britânica põe bairro carioca da Saúde entre os mais descolados do mundo

Pesquisa britânica põe bairro carioca da Saúde entre os mais descolados do mundo
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Berço do samba e hoje com atrativos como o Museu do Amanhã, o bairro da Saúde, na região central do Rio de Janeiro, próximo do Porto, foi classificado como o 25.º mais descolado do mundo em ranking anual divulgado na última quarta-feira pela revista britânica Time Out. A publicação é reconhecida como guia para as melhores atividades em cidades do mundo inteiro. Todo ano, divulga uma nova versão do ranking dos 49 bairros mais descolados do planeta, com base em uma pesquisa com moradores – desta vez, foram ouvidas 27 mil pessoas.

O bairro campeão foi Nørrebro, na capital dinamarquesa, Copenhagen. Em segundo lugar ficou Andersonville, em Chicago (EUA), e em terceiro, Jongno 3-ga, em Seul (Coreia do Sul). A Saúde foi o único bairro brasileiro citado na lista. “Os visitantes vão descobrir charmosos bares antigos, bela arquitetura portuguesa e locais fascinantes, como a Pedra do Sal”, afirma o texto publicado pela revista, que destaca o Museu do Amanhã e seu vizinho Museu de Arte do Rio (MAR), além dos murais de arte de rua ao longo do Boulevard Olímpico e a vista panorâmica a partir do Morro da Conceição.

O texto traz, ainda, sugestões para quem quer planejar sua viagem e para os que buscam passar um dia perfeito no bairro, que inclui uma visita ao restaurante Casa Omolokum, com pratos típicos da culinária baiana. “Feche a noite com música ao vivo, dança e churrasco brasileiro no (restaurante) Bafo da Prainha”, recomenda a revista, em texto do inglês Tom Le Mesurier, que mora no Rio desde 2010 e é especialista em culinária e turismo.

A Saúde é um bairro povoado desde fins do século 17, que ganhou esse nome a partir de 1742, quando o comerciante português Manuel Negreiros construiu ali a capela de Nossa Senhora da Saúde, para cumprir promessa depois que sua mulher se curou de uma doença. Também fica na Saúde o Cais do Valongo, inaugurado em 1811 para se tornar local de desembarque de pessoas escravizadas no Rio – antes, as embarcações chegavam na Praça XV.

Ao longo de aproximadamente 40 anos, esse cais recebeu cerca de 1 milhão de africanos, fazendo dele o maior porto receptor de escravizados do mundo e ponto de chegada de 25% dos 4 milhões de africanos trazidos à força ao Brasil. Em 1843 o Cais do Valongo foi reurbanizado para receber a princesa Teresa Cristina, que se casaria com o imperador dom Pedro II. O cais mudou seu nome, então, para Cais da Princesa. Em 1.º de março de 2017, passou a integrar oficialmente a Lista do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), por ser o único vestígio material da chegada dos africanos escravizados nas Américas.

Samba

Desde seus primórdios, a Saúde tornou-se moradia de baianos – houve uma intensa migração após a revolta dos malês (negros muçulmanos), em 1835, e a piora nas condições de vida em Salvador nas décadas seguintes, que também contribuiu para que muitos baianos se mudassem para o Rio. Reunidos na Saúde, eles foram decisivos na gênese do samba na cidade.

Os primeiros sambistas, como Donga e João da Baiana, e os mestres do choro, como Pixinguinha, se reuniam numa área chamada Pedra do Sal, que se tornou símbolo dessa cultura musical. A Pedra do Sal foi tombada em 1984 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro.

A região da Saúde foi revitalizada a partir da criação do projeto Porto Maravilha, às vésperas da Olimpíada de 2016. Nesse período foram criados o Museu de Arte do Rio e o Museu do Amanhã. A área ainda recebeu obras de artistas de renome internacional, como Eduardo Kobra. O mural Etnias, feito por ele no porto, foi reconhecido em 2016 como o maior grafite do mundo – recorde depois superado por outra obra de Kobra em Itapevi (SP).

Com 15 metros de altura e 170 de comprimento, Etnias retrata cinco rostos indígenas de cinco continentes diferentes: os huli, da Nova Guiné (Oceania), os mursi, da Etiópia (África), os kayin, da Tailândia (Ásia), os supi, da Europa, e os tapajós, das Américas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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