F1 busca um piloto americano para virar o herói de sua invasão aos EUA
LUCIANO TRINDADE
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Lewis Hamilton foi jogar golfe com o astro da NFL Tom Brady. Max Verstappen e Sergio Pérez arriscaram arremessos antes de um jogo de beisebol. E Lando Norris apresentou um capacete personalizado com a pintura de uma bola de basquete, ditando uma nova moda entre os pilotos.
Ao desembarcar nos EUA nesta semana para o GP de Miami, os pilotos da F1 se empenharam em diversas ações para conquistar a empatia do público local, na tentativa de despertar uma idolatria para preencher a ausência de um americano no grid, a principal lacuna no projeto de expansão da categoria no país.
A Liberty Media, empresa americana que assumiu o controle da F1 em 2017, também promoveu uma série de eventos para aproximar os fãs locais dos astros do grid. Houve até um show de apresentação reunindo pilotos e representantes das equipes no gramado do Hard Rock Stadium, casa do Miami Dolphins, da NFL.
A arena fica dentro do circuito recém-construído para receber a prova deste domingo (8), a quinta etapa do ano, às 16h30 (de Brasília) –a Band transmite. A corrida teve esgotados os ingressos colocados à venda.
O sucesso na promoção do evento reflete a nova era da F1 nos EUA, onde historicamente a categoria teve dificuldades para cair no gosto popular, uma barreira derrubada especialmente pela série “Drive To Surive”, da Netflix, que lançou este ano a quarta temporada e já tem confirmadas a quinta e a sexta.
A ambição da Liberty, agora, é ver um piloto dos EUA em uma escuderia de ponta justamente para manter elevado o interesse dos americanos nos próximos anos. Para o CEO da F1, o italiano Stefano Domenicali, é fundamental que o competidor escolhido seja bom e tenha um carro capaz de brigar por vitórias.
“Tem que ser real. Tem que ser [um piloto] veloz, ou então será um bumerangue. Por isso que nós estamos trabalhando com a federação americana para investir nisso”, disse o executivo. “Nós estamos trabalhando juntos, respeitando as funções, do ponto de vista comercial e dos organizadores, que querem desenvolver negócios nos Estados Unidos”, acrescentou.
Atualmente, Colton Herta é o americano mais próximo de entrar no grid da categoria. Ele é piloto da equipe Andretti na Indy, e o dono da escuderia, Michael Andretti, já afirmou diversas vezes sua intenção de entrar na F1 em 2024, tendo Herta como sua primeira opção.
O jovem de 22 anos também fechou recentemente um acordo com a McLaren para testar o carro de 2021 da equipe –a escuderia é chefiada pelo americano Zak Brown, e tem como titulares o britânico Lando Norris, com contrato até 2025, e o australiano Daniel Ricciardo, com vínculo até o fim de 2023.
A família Andretti tem uma relação antiga com o campeonato de origem europeia. Michael já correu na F1, em 1993, quando disputou 13 corridas e conquistou um pódio, no GP da Itália. Havia muita expectativa em torno dele, afinal ele é filho de Mario Andretti, campeão mundial em 1978.
Atualmente com 82 anos, Mario foi o último americano a vencer uma etapa na F1 –ele somou 12 ao longo da carreira, quase metade dos 33 triunfos dos EUA, que também tiveram Phil Hill como campeão em 1961.
Quando o ex-piloto de ascendência italiana venceu o GP da Holanda de 1978, o democrata Jimmy Carter era o presidente do país. Sete políticos já ocuparam o cargo na Casa Branca depois dele durante o hiato de 44 anos sem vitórias dos americanos.
Além dos Andrettis, apenas 17 pilotos dos EUA disputaram 10 ou mais corridas na história da F1. O último a competir no campeonato foi Alexander Rossi, que disputou cinco etapas em 2005 pela equipe Marussia, tendo um 12º lugar como seu melhor resultado, justamente na etapa realizada em Austin, no Texas.
Isso ajuda a entender o afastamento do público local, percebido até pelos atuais pilotos do grid. “Eu sentia que existia uma grande desconexão entre os Estados Unidos e o restante do mundo em termos de paixão pela F1”, disse o heptacampeão Lewis Hamilton. “É incrível ver que quebramos isso”, disse ao falar sobre o GP de Miami.
Na ausência de um piloto do país, os americanos ao menos têm um time para torcer, a Haas, única equipe americana do grid, chefiada por Guenther Steiner e representada nas pistas por Mick Schumacher, filho do heptacampeão alemão Michael, e pelo dinamarquês Kevin Magnussen.
Para Steiner, seria “fantástico” poder ter um piloto americano, porém ele aponta algumas dificuldades para achar um nome. “Se o piloto não for bom o suficiente, não é bom para o mercado americano também”, diz. “E os Estados Unidos são um lugar fantástico para se viver. E, para se dedicar à F1, é necessário se mudar para a Europa em algum momento”, acrescenta.
A esperança dele e da própria F1 é que isso não seja um obstáculo num futuro próximo. “Vai levar tempo, mas espero que alguém apareça um dia e seja uma estrela.”
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