Um enredo de 29 anos
*Por Luciano Vacari
Entre os dias 11 a 22 de novembro deste ano, Baku – capital do Azerbaijão recebe a 29ª Conferência Anual das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 29. A cidade que já fez parte do império Persa e da extinta União Soviética é a capital nacional mais baixa do mundo, ficando 28 metros abaixo do nível do mar, e será a anfitriã do evento, de proporção global, que este ano tem como tema a solidariedade para um mundo verde.
Localizada na região do Cáucaso, a maior cidade do Azerbaijão receberá as principais lideranças políticas, cientistas e pensadores que juntos buscarão pela 29ª vez encontrar soluções sustentáveis para um mundo com cada vez mais gente, com mais fome, totalmente polarizado politicamente e que dia após dia nos dá demonstração de que não está mais suportando a carga imposta pelos seus habitantes, ou seriam hóspedes?
A 1ª COP aconteceu em 1995 na cidade de Berlim – Alemanha, onde se iniciou o processo de negociação de metas e prazos específicos para a redução de emissões de gases de efeito estufa para os países desenvolvidos. Na época chegaram até a propor a criação de um protocolo com as regras e processos, mas o encaminhamento final foi a publicação do Mandato de Berlim, que teve como foco principal o consenso de todos os países em se tomar ações mais enérgicas quanto à mitigação do efeito estufa.
De lá para cá lá se vão 29 anos de muita discussão, muitas ideias geniais, muito carimbo em passaporte, e praticamente nada de efetivo, a não ser é claro as metas e mais metas em relação à redução do aquecimento global e do desmatamento, da diminuição do uso de combustíveis fósseis e do combate às emissões de gases do efeito estufa.
Ao longo desse tempo, já ficou claro que ações precisam ser implementadas para combater o aquecimento global. Já inventaram de tudo. Carro elétrico, combustível a base de nitrogênio e proteína animal feita em laboratório.
Ah, também já elegeram os culpados pelo apocalipse!
Mas se engana quem acha que os culpados são os países Europeus, que usam como matriz energética o carvão mineral, ou os Estados Unidos e China, que movem suas economias à base do petróleo.
Parece incrível, mas os grandes culpados pelo aquecimento global, segundo os entendidos viajantes desse evento sustentável são os países abaixo da linha do Equador, que desmataram parte de suas florestas para produzir alimentos. O Brasil por exemplo, se tornou o maior produtor mundial de alimentos, fibras e energia do mundo, e ao invés de ganhar um prêmio nas COPs, sai de lá com cada vez mais tarefas de casa para fazer.
Já passou da hora de termos a COP das proposições, que mostre não mais os problemas, mas sim como ajudar os países a atingirem suas metas, afinal todo mundo sabe que se os países ricos não ajudarem, chegaremos à COP 100, ainda apontando o dedo.
É preciso um documento que traga ações efetivas de como incentivar a redução do desmatamento, e por que não até o desmatamento zero. Um documento simples, que se aprende em qualquer faculdade de administração, onde se identifica o problema, se propõe a solução, atribui prazo e um responsável pela execução. Chamamos isso de planejamento estratégico.
Esse seria o maior legado de uma COP, a criação de projetos pilotos com incentivos financeiros para reduzir o desmatamento, o uso de combustíveis fósseis, as emissões dos gases de efeito estufa e o aquecimento global.
Quem sabe esse não seja o enredo da COP 30, que será em Belém do Pará – Brasil.
*Luciano Vacari é gestor de agronegócios e CEO da NeoAgro Consultoria.