Z, de zootécnico
Quando falamos de clima, desmatamento e aquecimento global, os acordos internacionais em que o Brasil é signatário trazem, em sua totalidade, compromissos futuros assumidos pelos governantes, onde o setor produtivo deve ser o responsável pelo cumprimento das metas, sim isso mesmo. Minha avó diria que isso seria fazer caridade com o chapéu dos outros, ou não?
Cabe ao produtor rural preservar, via imposição, suas áreas de reserva legal e de proteção permanente enquanto os governos mundiais passam dias discutindo o futuro da vida nesse planeta, mas até aí tudo bem, cada um com seus problemas, não é mesmo?
Mas o grande ponto é que apesar de todo o trabalho feito dentro das propriedades rurais do Brasil nos últimos anos parecem não ser suficiente para acalmar a turma do discurso, sim, turma do discurso é aquela que não produz, não legisla, não governa, mas se apropriaram da discussão como se o futuro da humanidade passasse, obrigatoriamente pelos seus fóruns de debate.
Vamos lá, o NDC brasileiro, Contribuição Nacionalmente Determinada, foi apresentado pelo nosso governo em 2015 quando do Acordo de Paris, e prevê metas de redução de emissão de CO2 e de desmatamento. Ainda, o documento traz parâmetros gerais de emissões em diversas atividades produtivas, a pecuária de corte é uma das mais citadas.
Em 2015, o Brasil já figurava entre os grandes produtores e exportadores de alimentos, fibras e energia do mundo, mas nosso modelo produtivo, que já era eficiente, melhorou ainda mais nos últimos 10 anos. Aumentamos nossa produção de carne bovina por exemplo em mais de 10%, saindo de 9,4 milhões de toneladas em equivalente de carcaça para 11 milhões de acordo com o BeefReport 2024.
Ao mesmo tempo, reduzimos significativamente a idade de abate desses animais, sendo que hoje apenas 11% dos animais que foram para o gancho têm mais do que 36 meses de idade. Estamos produzindo mais quilos de carne por hectare ano, e em menos tempo, ou seja, nos tornamos mais eficientes, e ainda conseguimos colocar mais carne na mesa do mundo sem aumentar os índices de desmatamento. A EMBRAPA deu o nome a esse movimento de efeito poupa-terra, onde graças ao aumento de eficiência e de produtividade o Brasil evitou o desmatamento em 286 milhões de hectares.
Viva a tecnologia, e viva ao produtor rural, afinal de contas foi ele que comprou, pagou e utilizou todo esse pacote tecnológico. Mas voltando ao tema adicionalidade, e os ganhos zootécnicos, não deveriam ser reconhecidos e remunerados?
Existe um termo na academia chamado ganho de intensidade, que nada mais é do que a métrica do resultado da eficiência. Instituições mundiais de pesquisa já calcularam o número de emissões de CO2 de tudo quanto é coisa, do boi, da soja, do desmatamento, do leite, e chegaram a conclusão de que a pecuária é o maior responsável pelas emissões de GEEs, mas até hoje nenhuma instituição no mundo fez a conta do ganho de intensidade da pecuária, e qual o tamanho da contribuição que ela deu à humanidade, graças ao uso da tecnologia.
Chegou a hora de alguém fazer essa conta, quem sabe a EMBRAPA não se anima, ou a ESALQ.
O fato é que precisamos ter esse reconhecimento às boas práticas, ao melhoramento genético e ao manejo nutricional e sanitário, e a indústria de insumos tem papel fundamental nisso, afinal ela é uma das interessadas.
O texto do PL 2148/2015, que coloca sistemas agrícolas, florestas plantadas e boas práticas de uso do solo como geradores de créditos de carbono precisa ser alterado para AFOLUZ, incluindo o zootécnico ao projeto e garantindo assim que o produtor invista cada vez mais em tecnologia.
*Luciano Vacari é gestor de agronegócios e CEO da Neo Agro Consultoria.
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