Síndrome do fracasso inevitável
Por Thiago Vinicius*
A síndrome do fracasso inevitável, conforme abordada por Jean-François Manzoni e Jean-Louis Barsoux, pode ser observada tanto no ambiente cotidiano quanto no serviço público. A dinâmica da síndrome se manifesta quando um colaborador, devido ao seu desempenho insatisfatório, tem suas baixas expectativas reforçadas pelo gestor, levando ao agravamento do problema.
No contexto cotidiano, podemos imaginar um cenário em que um estudante constantemente obtém notas baixas em uma disciplina específica. O professor, interpretando seu desempenho abaixo do esperado, passa a tratá-lo com menos atenção, oferecendo menos suporte e oportunidades de aprendizado.
Consequentemente, o aluno se sente desmotivado e com baixa autoestima, resultando em um ciclo de desempenho ainda pior. Nessa situação, o professor inadvertidamente contribui para a síndrome do fracasso inevitável, em vez de identificar e remediar as possíveis causas do desempenho ruim.
No serviço público, a síndrome do fracasso inevitável pode se manifestar em diferentes cenários. Por exemplo, um servidor público que recebe repetidamente tarefas de menor importância pode começar a se sentir desvalorizado e, como resultado, seu desempenho pode diminuir. O gestor, percebendo esse desempenho inferior, passa a supervisionar de forma mais intensa, aumentando a pressão e restringindo a autonomia do colaborador. Esse aumento excessivo de controle pode agravar a situação, levando a uma espiral descendente de baixo desempenho e falta de motivação.
Para interromper a síndrome do fracasso inevitável é fundamental que os gestores reconheçam a importância de estabelecer expectativas claras e empoderar os colaboradores. Isso pode ser alcançado por meio de um ambiente de trabalho aberto, comunicação eficaz e oportunidades de desenvolvimento. Os gestores devem estar vigilantes para evitar a armadilha de reforçar baixas expectativas e, em vez disso, devem incentivar uma cultura que promova o crescimento individual e a superação de desafios.
Em suma, a síndrome do fracasso inevitável pode ser prejudicial tanto no cotidiano quanto no serviço público. Ao reconhecer sua existência e adotar medidas proativas para promover uma cultura de valorização e crescimento, é possível evitar a armadilha das expectativas negativas e capacitar os colaboradores a alcançarem seu pleno potencial.
Thiago Vinicius Pinheiro da Silva é Secretário-Adjunto de Administração Sistêmica, da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Mato Grosso.